quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Tocar

            No meio de um dia nublado e cinza, veio a mim aquele toque e cheiro de outrora. Forte e arrebatador como sempre. Todas as dúvidas tinham acabado, toda a angústia tinha cessado, a maré abaixara. É o mesmo sorriso, ainda que mudado com o tempo e com as tristezas que o tempo lhe trás, é o mesmo, inconfundível, inatingível.
             O coração acelerou, a perna tremeu, a mão suou, tudo como tem que ser ou como deveria ser. E naquele instante, naquele mísero fragmento do dia, eu fui tudo, fui nada, fui alma , amor e universo. Ganhei dois olhos encantadores, era só o que eu queria, os olhos, a alma.

              É quente, é enlouquecedor, e é sutil, a maciez de cada palavra jogada fora já nitidamente constrangida ao sair. O mundo nos oferece mais, devemos viver tudo. Sentir os toques, os cheiros, os abraços, os beijos, apenas o essencial.
               Cabeça a mil, pensamentos tão soltos como um dente-de-leão num tornado. O sinal de alerta foi ligado, lágrimas e sorrisos virão.


               Tocar.