sábado, 16 de julho de 2011

Ser e Não ser

O ser se encontra completo quando se torna antagônico em si
É preciso ser tudo e é preciso ser nada
É preciso ser tudo em si e nada para si
Só o coração inerte em escuridão sabe contemplar a luz
Os olhos que nunca viram o desespero não saberão reconhecer um momento de felicidade
Assim como os ouvidos que nunca ouviram uma mentira não irão perceber o valor da verdade
A boca que nunca proferir uma palavra de ódio dificilmente saberá dizer eu te amo
É preciso ter dois braços, um forte para saber bater e um fraco para saber acariciar
É necessário ter duas pernas, a perna da emoção pra poder ir e a da razão pra saber a hora de voltar, preferir uma à outra é simplesmente estupidez. É se aleijar por opção. É não querer andar
Ser e se permitir não-ser
Pois o ser se encontra completo quando se torna sinônimo de si
Quando ser e não-ser significam uma coisa só: humano

domingo, 10 de julho de 2011

Saudade

Eu queria poder dizer que te esqueci. Mas em cada sorriso vejo a sombra do seu, em cada abraço procuro o encaixe do nosso, em cada olhar busco seu jeito de me enxergar. Superficialmente, sim, te esqueci. Distribuo sorrisos, caminho normalmente, afinal, a vida segue. Mas os olhos não mentem e ultimamente não têm brilhado mais... E é aí que começa todo o problema: por dentro estou esmagado, triturado, cego e louco de saudade de você. Entendo que não tenhamos dado certo. Um peixe não vive em terra. Só não entendo é essa falta que eu ainda sinto. Como se me faltasse um pedaço de alma.


Eu queria poder dizer que sei que ainda pensa em mim, mas me vêm um aperto tão grande no peito quando me caí a ficha de que isso não é verdade... É que eu queria que só às vezes você se perguntasse se eu continuo usando barba, se continuo chorando quando bebo; queria que você sentisse um pouquinho de saudade do meu lado moça, meu jeito bobo; queria que você sentisse saudade do que tivemos. Você podia pensar em mim ainda pra que continuássemos juntos em um universo paralelo.


Fico aqui lembrando como o que você me deu foi bom. Ainda tenho aqui guardado o som do seu riso, a sabedoria do seu silêncio e o aconchego do seu colo. Tenho muito de você em mim e esse peso leve que é carregar você aqui comigo tem me derrubado inúmeras vezes ao dia porque você é minha fraqueza e força; quase meu ponto de equilíbrio, que me desequilibra e enrola e pisa e dá voltas, então volta e senta ao meu lado. Volta e me diz ao pé do ouvido que vai ficar tudo bem. Volta e me diz que mais cedo ou mais tarde nossa história será ainda mais bonita. Escreve que ainda pensa em mim, põe nosso nome lado a lado na sua gaveta, grita dezoito vezes saudade e me encontra.


Só queria poder dizer que não te esqueci e ter a certeza de que isso é recíproco.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Lembranças

Eu me lembro das coisas mais ridículas. De como falávamos sobre literatura, filmes diferentes, poesias bobas . Das risadas mais inapropriadas e dos olhos de menina. Fofa. Você odiaria essa palavra. Diria que é depreciativa. Diria que meu palavreado te assassina. Mas é assim que eu te vejo. É assim que eu te via. É assim que eu sempre vou te ver.

Eu lembro de tudo, com uma clareza doída e insana. Lembro do dia bonito que eu sentei naquele banquinho na praça, meio querendo existir, meio querendo me fundir com a paisagem. Anti-social. Era o que você dizia. Que eu existia querendo ser ouvido e evitando ser visto. Não faz sentido, faz?

Mas você parou do meu lado, toda sorriso e cabelo comprido demais caindo no olho. Te achei engraçada. Te achei inusitada. E você me viu mesmo através da camuflagem. Você usava sandálias. Odeio mulher de sandálias. Mas em você achei legal. Achei diferente. Com você, era tudo diferente. Até o fim.

Ah, o fim.Queria dizer que espero que seja feliz. Mas seria mentira. Queria ter apreciado tua sinceridade. Mas não importa a delicadeza quando as palavras são pequenas navalhas. Elas (as feridas) sangram, não importa quão lentos ou superficiais sejam os cortes.

E eu te digo que enfim as flores que plantamos no jardim começaram a florescer. E não, isto não é uma metáfora. É a vida.

A vida não é uma metáfora. Nem quando se fala sobre rosas.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Efeito borboleta

Na verdade, eu não queria que tivesse sido assim. Juro. Eu sempre desejei que as coisas fosse bem diferentes. Mas sempre fui vulnerável e medroso, e tinha medo daquela sensação.

Da sensação que tudo podia se esvair depois do fim, eu queria que de certo modo fosse eterno, que tudo aquilo fosse recordado com uma saudade gostosa e até mesmo uma admiração pós-paixão que nos deixasse sob a batuta do 'por que não deu certo?'. E lutando contra isso tudo eu acabei me embaralhando em palavras e gestos, entre suspiros e gritos e lágrimas de ódio e saudade.

Sei que foi de minha total autoria a culpa de não ser eterno o carinho, ou até mesmo a saudade e admiração. E do mesmo modo que pequenos gestos convencem, pequenos gestos destroem. E são os que mais destroem. E o que foi destruído era algo tão belo e mágico que me deixa pensando em um 'improvável efeito borboleta'.
Se a saudade não existe mais, qual o motivo para aquilo tudo ter existido ? Nenhum? Será que o que antes era necessário, hoje é dispensável ?
Não adianta : O tempo não cura o que ele mesmo destrói.

Culpa

Por que sou sempre obrigado a escolher?


Por que meu maior desejo deve ser uma vida confortável?


Vivo com medo. Medo de errar, medo de desapontar certas pessoas. Medo. De viver a minha própria vida. De arcar com as consequências dos meus atos. Medo de ser uma pessoa ruim.


Por isso, não faço que quero. Mas aí posso culpar a própria vida por isso. Não vou ter de lidar com o fato de que a culpa é minha. Afinal de contas, não há nada que eu possa fazer quando a vontade é de Deus, do Diabo, do Governo ou do vizinho.


A vida é muito mais fácil quando a culpa é dos outros.